sexta-feira, outubro 06, 2006

…Os Dias…

Para quem ainda tem alguma sorte e lá pode estar uma semana e não fazer nenhum (é mesmo só para quem pode), o dia começa com um acordar salutar pouco antes do almoço, com o som dos passaritos, claro que em dias de festa… há outros sons que nos fazem acordar bem mais cedo, como a vida nas ruas, e antigamente os foguetes… sim, quem não se lembra de se ter acabado de deitar, e acordar com uma alvorada de foguetes às 8 da manhã?... isto… nas noites, ou madrugadas, em que nos chegamos efectivamente a deitar…a seguir a este salutar acordar… a primeira frase que se ouve é… “Já comeste?”, qual bom dia qual quê??? Isso ali não se usa.

Com o estômago aconchegado devido a uma paparoca saudável, preparada com a ajuda e o carinho das avós, vai-se para a rua tentar apurar o bronze, quando se tem paciência faz-se uma “corridinha” até ao rio ou vê-se televisão ou então encosta-se no sofá fingindo-se meio a dormitar com um olho aberto e outro fechado “o quê eu a dormir não…” no entanto, acorda-se e retorna-se a casa, a tempo do almoço! Ajuda-se a pôr a mesa, e ajuda-se principalmente a comer aquelas iguarias hummm que só as nossas mães, tias, avós sabem fazer. As refeições são sagradas! É fantástico a reunião das várias gerações à mesa.

Após o almoço está na hora de levantar a mesa, cada um pega no seu pratito e vai pô-lo na cozinha. Todos dão o seu contributo para se ir tomar um cafezito à fonte em conjunto.

Da parte da tarde até se poder dar um mergulho, ocupa-se o tempo da maneira mais prazeirenta possível. Joga-se à sueca, outros jogos de cartas, tenta vencer-se o tempo e o calor, convive-se, põe-se a conversa em dia, planeia-se a noite, vai dar-se uma volta, vai-se ver a família que se tenha noutra terra ali perto etc…

Assim que se pode ir dar um mergulho é o ritual do ir vestir o bi-qui-ni ou os calções de banho, pegar na bela da toalha e lá sei vai geralmente em grupo para baixo. Não há nada como dar umas boas braçadas numa água límpida em que se vê o fundo, apesar de nos últimos anos devido às circunstâncias naturais, o poço dos Barandais se encontrar com piores condições. Mesmo assim, este banho é fonte de vida, dá-nos não só o prazer de um fim de tarde bem passado, como também um prazer refrescante. As brincadeiras na água multiplicam-se, a praxe de se ir vestido ao banho, a praxe do molhar quem não quer ser molhado, faz destes momentos únicos. Talvez devido aos acessos não serem fáceis os mais velhos começam a perder a paciência para fazer tal esforço. No entanto às vezes alguns lá agarram no belo do carro e procuram em terras vizinhas melhores acessos de forma a também podem aceder ao rio.

Regressa-se a casa por volta da hora de jantar, se ainda for cedo, e não se puder ajudar na preparação do repasto, uma vez mais o destino é a fonte a casa de todos os fradiguenses, o ponto de encontro da loucura. Começa a definir-se mais concretamente o que se irá fazer nessa noite. Volta-se a casa com uma fome voraz depois do esforço feito durante o dia e dá-se uma vez mais um encontro de gerações à mesa, tios, sobrinhos, pais, filhos, netos, avós, bisnetos em alguns casos. Há maior motivo de alegria? Reuniões de mais de 10 elementos.

A janta é dada por terminada, para além de todos os rituais iguais ao almoço, pôr a mesa, levantar a mesa, acrescenta-se o facto do ir-se vestir para a noite. Sim porque se os dias são quentes as noites são igualmente frias.

As noites são ocupadas das mais variadas formas. Novamente a jogatina, o cafezito, e as saídas nocturnas.

Se há uma festa na região, é desde logo um acontecimento obrigatório ao qual não se pode faltar, sim porque têm de convir que a malta das Frádigas anima qualquer espaço com a sua simpatia. Se não há festas procura-se um local porreiro, sossegado onde se possa uma vez mais confraternizar. A parte melhor é que é tudo família, se alguém não é nosso primo, é certamente primo de um primo nosso… Confuso não é? Pois, é normal, mas quando lá chegam entendem!